terça-feira, 27 de maio de 2014

Professora transexual deverá assumir cargo em escola municipal de Presidente Venceslau



A professora Nicolly Bueno, efetiva na Rede Municipal de Ensino de Presidente Venceslau há 9 anos deverá assumir o cargo no 2º semestre deste ano, na Escola Dr. Álvaro Coelho. Desde que assumiu a identidade transgênera, a professora passou a trabalhar no Centro Cultural “Salvador Lopes” desenvolvendo projetos culturais, de leitura e literatura, mas precisou se afastar por motivo de saúde.
“Tive alguns problemas pessoais e de saúde há dois meses e me afastei para fazer tratamento. Voltarei a trabalhar no dia 26 de maio porque estou responsável por dois eventos já agendados anteriormente. Um deles é uma palestra sobre diversidade sexual em educação, com a professora Dra. Arilda Ribeiro e o outro é o lançamento da Antologia Poética referente ao Prêmio Vinícius de Moraes que promovemos ano passado”, comentou Nicolly.
A professora Nicolly Bueno afirmou que depois de cumprir seus dois projetos, deverá passar por avaliação médica e perícia para avaliar seu estado de saúde. “Provavelmente, ficarei mais um período de licença para tratamento. Quando encerrar a licença, devo assumir o meu cargo na Escola Álvaro Coelho, pois havia sido convidada a trabalhar na SEMEC, mas até o momento não tem uma sala adequada para que eu possa continuar a desenvolver o meu trabalho”, disse.
O impasse vivido por Nicolly Bueno de voltar ao cargo docente não é recente. Há dois anos, ainda na gestão do ex-prefeito Ernane Erbela, alguns pais não concordavam com sua decisão de assumir a transexualidade e para evitar constrangimentos, a professora iniciou seu trabalho com projetos.
“Naquele momento foi uma decisão sensata do ex prefeito. Recebi apoio em meus projetos e desenvolvi diversos eventos, como palestras, concurso de desenho, oficina e exposição de ikebana, contação de histórias, curso on line de culinária em parceria com o estagiário do acessa São Paulo, entre outros” comentou.
Além de ser professora de Ensino Fundamental, Nicolly Bueno é escritora com 5 livros publicados, é estudante de Pedagogia na Unesp de Presidente Prudente, é editora e membro da Academia Venceslauense de Letras. “Independente de concordarem ou não com a minha transexualidade, a sociedade, embora seja preconceituosa e intolerante, não pode me privar de um direito adquirido por meio de concurso público. Apenas quero que meu trabalho seja valorizado e respeitado, assim como todos os profissionais almejam. O setor jurídico da Prefeitura Municipal, por exemplo, me negou o uso do meu nome social, alegando falta de legislação local a respeito. Já na universidade, a diretoria técnica enviou comunicado a todos os docentes sobre a decisão do meu direito ao uso do nome social, inclusive na lista de chamada. Isto mostra que nosso município está retrógrado neste sentido e não tem feito nada até o momento em relação à igualdade de direitos dos cidadãos transgêneros”, finalizou Nicolly Bueno.

Ressaltamos ainda que a decisão tomada por Nicolly Bueno é devido a um fato de extrema gravidade que ocorreu em seu ambiente de trabalho no centro cultural “Salvador Lopes” e  por questões pessoais que a envolveram causando assim um total desconforto para a mesma.

Entramos em contato com o secretário de Educação Sebastião Erculiani para falar a respeito da questão e o mesmo se posicionou dizendo que conhece a realidade dos fatos, porém foram oferecidas condições adequadas para que a mesma continue com seu trabalho e com os projetos. Disse nada poder fazer com relação á questão da retomada da sala de aula, já que a mesma é professora efetiva concursada e por decisão própria não quer mais continuar com seus trabalhos no local oferecido na Semec .

Fonte: Por : Rosângela Miranda Martins

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