sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Candidato a vereador é preso por 'instigar' invasão de aeroporto da Cesp

Samuel Lucas Procópio enviava áudios, por celular, aos invasores.Uma das 'dicas' foi o uso de abelhas para afastar policiais do local.

Foi preso preventivamente nesta quinta-feira (25), em Rosana, o advogado e ex-vereador Samuel Lucas Procópio. Nas eleições municipais deste ano, ele é novamente candidato a uma cadeira no Poder Legislativo pelo PHS. De acordo com as informações da ação penal do Ministério Público Estadual (MPE), Procópio é acusado de incitar publicamente diversas pessoas à prática de crimes, além de organizar a invasão de um imóvel da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) na cidade.

Segundo a Polícia Civil, Procópio estava em uma audiência, em Teodoro Sampaio, quando os agentes da cidade informaram ao policiamento de Rosana que ele iria para o distrito de Porto Primavera, onde reside. Por volta das 18h, os policiais detiveram o suspeito, que tentou correr ao ver a equipe, conforme a polícia.

De acordo com a Promotoria de Justiça, o denunciado, durante o mês de agosto deste ano, “instigou, por meio de palavras, inúmeras pessoas a desobedecerem a ordem legal de funcionário público” e também “instigou” pessoas a “invadirem terreno e edifício alheio, por meio de violência, para fim de esbulho possessório”.

O documento que determina a prisão preventiva, expedido pelo juiz substituto Adriano Camargo Patussi, apontou, conforme os autos da ação penal, que Procópio “teria se associado com diversas pessoas, inclusive, crianças e adolescentes”, para “o fim específico de cometer crimes”.
O juiz também cita a invasão ocorrida no terreno do aeroporto, que se encontra desativado, pertencente à Cesp, na qual o suspeito teria criado um grupo em um aplicativo usado em celulares, chamado “Companheiros do Lote”, para “dar dicas aos invasores de como agir contra possível reintegração de posse”.

Uma das mensagens enviadas pelo advogado ao grupo, por meio de áudio, diz que a mudança climática pode ajudar os invasores: “Rapaz, se começar a chover, a viatura vai sair, é o canal para entrar, pois o cara [policial] não vai ficar parado de moto ali”.

Em outro áudio, conforme a ação da Promotoria, o denunciado “orienta” o grupo: “Era bom  fechar o portão aqui embaixo, enquanto tiver carregando os ferros aí. Deixa um de guarda para não deixar ninguém subir, que não conhece”.

Em análise às mensagens, junto com os autos do MPE, o juiz verificou que Procópio dizia aos invasores como eles deviam proceder e os informava sobre toda a movimentação dos  oficiais de Justiça e policiais, para que o grupo “não fosse pego de surpresa”.

'Ideia brilhante': abelhas

O denunciado sugere aos demais colocar abelhas para “atacar” o oficial de Justiça e a polícia, caso tentassem entrar no local. Essa informação também foi obtida pela Promotoria por meio de um áudio enviado ao grupo “Companheiros do Lote”: “Pessoal, teve um companheiro que teve uma ideia brilhante aqui, mas não sei se vamos conseguir resolver. Segundo ele, tinha como conseguir umas abelhas. Aquelas abelhas de criação, a europa. Disse que ele tem umas caixas de abelha que tá no meio do mato trabalhando e não sei se ele vai conseguir trazer, mas se alguém tivesse conhecimento, se tivesse essas abelhas mesmo e amanhã nós tivéssemos como colocar nas barricadas lá em baixo, não tinha diabo de polícia que entrava lá dentro. Deixava a abelha meia ouriçada lá, era só destampar ela. Rapaz, não tem quem chega perto. Não tem quem vá lá, entendeu? É uma estratégia boa também. Arruma umas três caixas dessas abelhas que ele tem criação. Arrumava essas caixas de abelha, fazia uma nova barricada ali e deixava as abelhas ali meio 'mocosadas', tampava para eles não chamarem os bombeiros, amarrava no portão. Se eles subirem no portão, vai ser tanta picada de abelha que pião vai voltar cavucando para trás”.

Na decisão da prisão, ainda constou, segundo o entendimento de Patussi, que a liderança do denunciado sobre os demais invasores é patente, “pois ele os induz a levar facões e enxadas para o local, a fim de causar a impressão de que podem enfrentar a polícia”.
Em um outro trecho da conversa dele com o grupo, o denunciado falou que “a segurança privada contratada pela Cesp a gente não respeita não”, instigando os demais a agredirem eventuais seguranças privados, conforme a decisão judicial, à qual o G1 teve acesso.
'Ousado e destemido'

A denúncia contra o advogado apontou que, além de líder do movimento, ele também é “invasor do local”. No depoimento de um oficial de Justiça, o denunciado é visto como “ousado e destemido”, pois estava “tramando a prática de crimes dentro do saguão do Fórum”.
A determinação da prisão preventiva foi tomada, de acordo com o relato do juiz nos autos do

documento, “com a finalidade de acautelar o interesse social de segurança face ao crime, uma vez que a liberdade do indivíduo pode representar uma ameaça social em razão de fugas, prática de novos delitos ou prejuízo à produção de provas”.

Além de decretar a prisão, o juiz ainda deferiu a busca domiciliar e no local de trabalho de Procópio, para a apreensão de celulares, chips, cartão de memória e computadores, bem como qualquer outro elemento de convicção de provas.

Outro lado
O G1 entrou em contato com o advogado Dário Rodrigues da Silva, responsável pela defesa de Samuel Lucas Procópio, entretanto, o profissional disse que não irá se pronunciar sobre o caso.

Cesp
O G1 solicitou um posicionamento à Cesp sobre a invasão do aeroporto desativado, em Rosana, mas, até o momento desta publicação, não obteve resposta.


G1.Prudente

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